Quarto de despejo
Despeço-me de lembranças amargas, sem choro.
são dores, não de parto, mas também doloridas,
a cada despedida me mantenho atento aos cochos,
que no caminho via, por entre as flores coloridas.
Sedento de refazer a alma sombria, aos prantos
entrego-me sem reservas, sem medos conscientes,
mas, caminhando, agora encontro sorrisos tantos
que retribuo, como se fossem agora, sementes.
Saio dessa morada de tantas lembranças marcantes,
escondo meu rosto inerte, sem maiores rodeios,
desfaço ilusões, desmoronando tudo em instantes.
De cada caminho que trilhei, somente lembro agora,
de cada dor que deixei, não há recompensas, nem quero,
no olhar, teimoso, despejado que fui, sorrio a cada hora.
Luiz Alberto, abril de 2021
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