O que pensa o poeta ?
Em que penso para escrever não sei,
como escrevo se não sei pensar ?
Invento sentimentos, amores, saudades...
e tudo que me atormenta o pensamento ?
Tento domar as rimas e o som da frase,
Senão tudo vira um tormento,
Se não rima e se nem o som das palavras
combinam quando leio, não é poesia.
Invento um amor inexistente,
ou traduzo um amor real em palavras.
Finjo orgasmo para falar do orgasmo ?
Finjo saudade pra falar do amor distante ?
Desmascaro a realidade pra inventar
outra melhor, ou pior, às vezes não sei..
Olho pro mendigo na rua e relembro
os amores impossiveis que ele sentiu.
Olho pra mulher passando e a imagino minha
de tão linda aos meus olhos ela parece...
Olho pra lua cheia e invento uma canção de ninar,
Ou de amor, ou de esperança, ou uma nova prece,
pode ser que seja assim, mas não sei..
Acho que não somos sinceros,
pois sempre inventamos sentimentos, que não sentimos.
Sempre inventamos rimas às vezes sem par,
Só pra rimar as palavras, ouvimos boleros,
lindos eu sei, mas foi só pra rimar .
Então como posso dizer o que penso ou sinto,
se sempre invento o que sentir pra escrever,
como posso falar do dia a dia de um poeta,
se não escrevo sozinho e nem com meus sentimentos,
e se escrevo e porque alguém me diz sempre tudo, timtim por timtim,
por que se não for assim eu erro tudo
e descubro que não sei escrever.
Niterói, 10 dezembro de 2000
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